quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Hanoi, Halong Bay e Sapa

Sim, eu sei... É dia 30Dezembro, estou com um atraso brutal, mas acontece que estes dias têm sido uma autêntica aventura, sem tempo para escrever... Mas prometo que hoje actualizo tudo!

Ainda em Saigão, visitámos o Museu da Guerra. Acho que o que vi dentro daquela exposição me fez gostar ainda menos da cidade, não que esteja directamente relacionado, mas é um choque perceber que depois de tantos anos, está ali um povo que ainda sofre diariamente.
Saí do museu e achei que ainda existia guerra, que ainda havia granadas a explodir, armas a serem disparadas e tanques a varrerem pessoas sem dó nem piedade... Claro que nada daquilo se passava, era tudo fruto da minha imaginação fértil, mas saber que há crianças a nascer todos os dias cegas ou surdas, sem braços nem pernas, por causa dos ácidos largados pelos americanos, foi algo que ficou na minha memória durante alguns dias e que, admito, me transtornou!

Decidimos apanhar um avião de Saigão até Hanoi. Infelizmente não deu para conhecer nada na costa do Vietnam (fica já aqui uma sugestão: a minha próxima viagem será sem dúvida para conhecer a "parte boa" do Vietname, quem se quiser juntar...). Depois da experiência do autocarro preferimos pagar mais uns euritos e demorar 1 hora.

Hanoi é bem mais simpático do que Saigão, a meu ver. Como devem ter percebido não adorei Saigão, a não ser os túneis...
Dormimos umas horas e partimos cedo para Halong Bay. A 4 horas de autocarro de Hanoi, esta baía inundada de milhares de ilhas de todos os tamanhos e feitios, é ums dos highlights do Vietname, um dos cartões de visita do país e, depois de lá ter estado, percebi porquê, e recomendo.
Na estrada entre Hanoi e Halong Bay é possível ver todos os tipos de animais, cemitérios, prédios inacabados. Mas depois no horizonte, destiguem-se os chapelinhos bicudos dos vietnamitas nos campos de arroz (normalmente mulheres... os homens pouco fazem neste país!). Ultrapassa-se pela esquerda e pela direita, normalmente pelos dois lados ao mesmo tempo, numa estrada onde existe uma só faixa para cada sentido. Não há sinais e quando há obviamente não se respeitam.
O plano era passar dois dias e uma noite num barco e os meus olhos até ficaram em bico quando percebi o luxo em que íamos viajar, tendo em conta os sítios por onde andámos. Foi dos melhores duches! Como esta é época baixa, não havia muitos barcos, o que também ajudou. Uma curiosidade, todos os barcos têm a bandeira Vietnamita, penso que é pelo facto de o governo investir bastante nesta zona como fomento ao turismo.
Parámos numa vilinha de pescadores flutuante e consegui "conversar", através do guia que serviu de intérprete, com um pescador mais velho. Percebi que vivia ali desde criança com a sua família. Os seus olhos e rugas espelhavam uma vida passada no mar, ao sol, a pescar, uma vida cheia e rica.
O fim de tarde foi épico, ao som de Bryan Adams numas velhas colunas, na companhia de duas francesas, comeram-se pringles, beberam-se jolas e viu-se um pôr-do-sol memorável.
Estar ali é estar em paz. A calma e um silêncio para compensar a confusão das grandes cidades. Senti a minha cabeça (e o meu coração) a acalmar depois da quase revolta interior que experienciei em Saigão. Lembro-me de ter pensado e talvez até cheguei a dizer alto "É bom estar aqui!".
Já percebi o porquê da nomeação deste paraíso como património mundial. Foi a primeira vez que consegui ler um meu livro sem motas ou buzinas como música de fundo.
Às 18h o jantar foi servido em mesas de madeira maciça e com direito a toalhas e guardanapos de linho. O chiqué! A noite acabou em grande com o staff a dar um autêntico show no karaoke. Escorriam-me lágrimas pela cara quando os vietnamitas decidiram cantar Celine Dion, Bryan Adams e Beatles. O grupo parecia ter sido escolhido a dedo e todos alinharam em cantar (MENOS O GUILHERME!!!!!). Foi um momento para recordar!

De volta a Hanoi. Mas só por mais umas horas, outra vez. Desta vez o destino era Sapa.
O combóio era as 20h, 10 horas a dormir com direito a cama, e chegávamos ao destino as 6h. Mas como viajar no Vietname NUNCA corre como o previsto... Saímos as 22h30 e chegámos as 8h30.
Ficámos a dormir uma noite num hotel e os dois dias foram passados a passear pelas vilas "around Sapa", no meio das montanhas, separadas por rios e campos de arroz intermináveis. É um sítio muito turístico mas não perdeu o encanto. As crianças falam inglês. As miúdas deixam de ir à escola quando fazem 11 ou 12 anos para trabalharem no artesanato local e ajudarem nos campos de arroz, enquanto os rapazes nunca deixam de estudar. Mais uma vez: mulher tem vida dura neste país! Quantas vezes vi eu os homens deitados em redes enquanto as mulheres, com uma criança às costas, trabalhavam nos campos.
No primeiro dia passeámos pela montanha e visitámos pequenas aldeias. As crianças sujas e seminuas são a fotografia perfeita, mas a troco sempre de alguma coisa, "não há almoços grátis" em Sapa. No segundo passámos o dia a saltar de pedrinha em pedrinha para escapar aos campos lamacentos e aos riachos. Almoçámos maravilhosamente numa das aldeias na companhia de dois alemães e um inglês e pude, mais uma vez, comer sopa de abóbora! Sapa não tem poluição, existem escolas com grandes jardins, a cidade está cheia de espaços verdes e mercadinhos.
Voltámos para Hanoi, mais 10 horas de combóio, e passámos o dia a visitar a cidade.
Nesse mesmo dia fomos para o aeroporto. O Guilherme tinha avião de volta a Singapura. E eu... LAOS.

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