terça-feira, 21 de abril de 2009

Aboriginal Apoligy

Há dez anos, o Bringing Them Home Human Rights Report recomendou ao Governo Australiano um pedido de desculpas pela política praticada contra os povos aborígenes, na qual as crianças eram levadas para longe das suas famílias para receberem uma educação religiosa, com o objectivo, entre outros, da diminuição da reprodução dos aborígenes.
Os aborígenes não eram considerados civis aos olhos do Governo Australiano, não tinham qualquer tipo de direitos, desde que o ingleses chegaram e afirmaram que a terra não estava populada e só existiam animais. As tribos indígenas viveram na Austrália pelos menos durante 5 mil anos, divididas em 600 nações, cada uma com sua linguagem e sistema de leis próprios, auto-suficientes e sem necessidade de lutarem umas entre as outras. Muitos aborígenes viram a sua terra ser invadida pelos ingleses em 1788 e tentaram lutar para as defender. O poder dos ingleses era claramente superior, nem que fosse pelo facto de que as únicas “armas” que estavam ao alcance dos nativos eram as que usavam para caçar. Durante milhares de anos, estes povos foram capazes de se sustentar com o ecossistema local, mantendo-o equilibrado.
Durante aproximadamente 200 anos, a ideia que se tinha na Europa sobre os aborígenes era que estes seriam parasitas vindos da natureza. A relação entre as várias tribos e os ingleses que chegaram a Austrália para aqui se instalarem tomou várias formas: resistência e conflito físico, curiosidade sobre os hábitos europeus e até adopção de alguns conceitos e hábitos europeus. Não há dúvidas actualmente que a reacção mais comum à presença europeia foi a violência física e esta realidade durou de 1788 a 1930, não há muito tempo…
Assim que perceberam que os ingleses vieram para ficar, os povos indígenas lutaram pela sua terra, pelas suas produções agrícolas, pelas suas famílias, mas as armas inglesas eram superiores, e aqueles que não morreram nesta luta, morreram com as doenças trazidas da Europa. Aqueles que conseguiram sobreviver foram obrigados a abandonar as suas tradicionais tribos e a viver noutras terras mais secas, com pouco interesse para os ingleses. Uma vez perdido contacto com a sua terra, muitos encontraram bastante difícil manter o contacto com a cultura tradicional, que sempre os caracterizou.
Foi um episódio triste na história deste país, que de história tem pouco, quando comparado com o nosso velho Portugal. Mas Kevin Rudd assumiu o seu lugar como Primeiro-ministro e dia 13 Fevereiro falou ao país e ao mundo num pedido de desculpas oficial que teve como destinatários directos todos os povos aborígenes, conhecidos como a “indigenous stolen generation”.
Este discurso foi considerado o primeiro passo, em nome de todo o Governo australiano, na construção duma ponte baseada no respeito e com o principal objectivo de estreitar o buraco que ainda existe entre a população indígena e não indígena, relativamente à saúde, à mortalidade infantil e à esperança média de vida. Os aborígenes que sobreviveram até hoje sofrem de vários problemas, como o alcoolismo, mas ainda há muitos que conseguem viver do turismo e da arte tadicional.
A palavra “SORRY” tem um grande significado para os destinatários do discurso de Rudd, e ele utilizou-a variadíssimas vezes. Todos os australianos devem sentir-se orgulhosos deste acto de reconhecimento de erros que aconteceram no passado.
Hoje a bandeira australiana e a bandeira aborígene voam lado a lado, à mesma altura…

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