domingo, 8 de novembro de 2009

Kiwi Road trip

Considerei por momentos criar um blog paralelo a este para conseguir contar com detalhe esta aventura, que merece realmente ser bem contada. Durante 10 dias, eu e a Marta vivemos neste país tantas experiências, visitámos autênticos paraísos, vimos tanta variedade de animais selvagens e diferentes cenários.
Vou começar pela escrita… Depois podem divertir-se com as fotografias!

A aventura começou logo em Sydney. Chegámos ao check in já em cima da hora quando eu reparei que a minha bolsinha preta com o meu passaporte, bilhete de avião, carteira com todos os meus documentos e cartões e óculos de sol tinha caído no autocarro que apanhámos de casa da Mariana e do Pedro para o aeroporto. Não imaginam a correria que foi naquele aeroporto. Escusado será dizer que perdemos o voo. Fui inundada por uma tristeza enorme, chegando ao ponto de dizer “Marta, tenta arranjar um voo, não sei como vai ser com o meu passaporte, vai tu…”. Não estava a acreditar na minha distracção, fiquei irritada comigo própria!! O sonho neozelandês esteve por momentos hipotecado! Obrigada Marta nesta altura pelo teu espírito positivo!
Nestas alturas não sinto saudades nenhumas de Portugal pela rapidez com que tudo de resolveu. Entre conversas com polícias e condutores do autocarro 400, com a companhia de autocarros, com o departamento de perdidos e achados dos autocarros… Uma hora depois o estafeta (a quem eu dei um abraço de “best mate” e disse “man, don´t know how to thank you here… You just brough my life back!”) estava lá para me entregar a minha carteira sã e salva, com tudo lá dentro. Durante este stress a Marta andava de balcão em balcão a tentar encontrar um voo para Auckland ainda nesse dia. Acabámos por voar nesse mesmo dia com a Qantas (pimba! mais 252 Dólares!!) ao fim da tarde.
Mas até chegarmos a Auckland conseguimos cometer mais um erro. Quando estávamos a marcar o nosso voo na internet no aeroporto, um jovem de 22 anos que vivia em Sydney já há dois anos, mas de nacionalidade neozelandesa, encontrava-se com alguma dificuldade em fazer a compra do bilhete on-line. Como duas boas alminhas que somos, vamos lá ajudá-lo. Ficámos a saber que era a segunda vez que andava de avião e mandou-se para o aeroporto sem bilhete. Não sei o que poderá ter passado pela cabeça deste jovem… O erro foi aceitar a proposta que ele nos fez: nós dar-lhe-íamos boleia de Auckland até Taupo, sua terra natal, e ele pagava-nos um quarto de hotel nessa noite. Como ele tinha dificuldade sérias em marcar o que quer que seja on-line, lá ajudámos a marcar também o hotel, fazendo questão de reservar um quarto com duas camas.
Depois de 3 horas de espera no aeroporto a beber jolas com o muito pouco animado novo amigo (já para não falar da falta de educação; chegou a um ponto em que fui eu e a Marta a carregar as malas dele…), mais 3 horas de voo até Auckland, lá conseguimos chegar ao quarto. Qual foi a nossa surpresa quando dentro do quarto havia apenas uma cama de casal, ainda tentei procurar outras portas e tal, camas que saíam dos armários, nada… Para tornar a coisa ainda pior, a Marta diz “Shot gun na ponta…” AAAAAHHHHHHH e agora????? Bom não preguei olho a noite toda porque para além do menino ressonar que nem um porco, agarrou-se a mim várias vezes a meio da noite (ao que respondi com valentes pontapés e cotoveladas!!). Que inferno de noite! Rezava para que o primeiro raio de luz entrasse no quarto para saltar daquela cama rapidamente! Estava metida no maior pesadelo! Finalmente amanheceu e às 7h30 já eu estava pronta para sair daquele filme! Fomos tomar o pequeno-almoço, apanhámos um táxi e fomos buscar a nossa tão aguardada Wicked campervan. Já estava com o mono pelos cabelos… Não aguentava olhar para a cara dele, a comer de boca aberta, a espalhar comida (frango oleoso e batatas cheias de sal!!!) pela nossa carrinha brand new. Eu e a marta dissémos tanto mal dele em português! Só nos queríamos ver livres da personagem! Começámos a nossa viagem rumo à parte Sul da ilha Norte, ele ficaria a meio do caminho. Entretanto decidimos visitar as Waitomo Caves, cheias de pirilampos e estalactites.
Como as coisas não podiam estar melhor… Um camião passou por nós a abrir e fez com que uma pedra fosse bater no nosso vidro da frente, desenhando uma circunferência perfeita, que nos acompanhou durante toda a viagem sem se desfazer 1000 pedaços.
Largámos o anormal bem longe da cidade dele, já estávamos pelos cabelos e com zero remorsos de o termos deixado a meio do caminho, pois estávamos muito apertadas de tempo para apanhar o ferry para a ilha sul, as 3h da manhã.
FINALMENTE!!! LIVRES DO MONO!! AGORA SIM A VIAGEM ÍA COMEÇAR!!
Chegámos a Picton às 6h da manhã. Cidade fantasma. Esperámos que o supermercado abrisse, fizemos algumas compras essenciais para os futuros pequenos-almoços, pequenos lanches e jantares. Passeámos por algumas terras à volta. Aquela zona é especialmente conhecida pelas vinhas.
Pelo caminho parámos no Lake Rotorua. Que espectáculo de sítio! Tirámos a mesa e as cadeiras para fora e aproveitámos para petiscar. Não poderia ter sido melhor!
Fomos em direcção a Hokitika, uma vila pequena à beira da estrada, onde acabámos por ficar a dormir numa rua onde estavam mais 3 carrinhas e onde o estacionamento para dormir era autorizado. Estava um briol desgraçado, a Marta que o diga que quase entrou em hipotermia durante a noite. É bom dizer nesta altura que este país só poderá ser visitado de carro e está totalmente preparado para backpackers, tem casas de banho de 10 em 10kms, tem parques de campismo em todas as estradas e parques não pagos para as carrinhas que não precisam de electricidade. Claro que durante estes dias o banho às vezes ficou por tomar dada a falta de meios…
Acordámos em Hokitika com um sol radioso, bebemos um café e passeámos. Deparámos com um cenário lindo, já que Hokitika tem praia; olhando para o mar sem fim, temos nas nossas costas montanhas cheias de neve. São este tipo de cenários que nos iam acompanhar nestes dias. Absolutamente fantástico! Guiámos em direcção aos Glaciares Fox e Franz Joseph e quando lá chegámos, depois de uma caminhada longa, percebemos porque são tão conhecidos…
Acabámos por ficar a dormir num sítio onde não era nada suposto, mas mal chegámos a Wanaka, soubemos as duas que teríamos de ficar: Wanaka é dos sítios mais bonitos onde já estive. No Inverno deve ser dos melhores destinos para quem gosta de fazer ski ou snowboard. Precisávamos dum banho urgente, então alugámos um quarto num hostel muito simpático e com ambiente cosy dum engraçado casal hippie. Aproveitámos para cozinhar uma refeição decente e tomar um longo duche quente. Sabia lá quando seria o próximo…
Acordámos no dia seguinte com um tempo maravilhoso, o sol brilhava por cima do lado de Wanaka, as montanhas cheias de neve por cima do lago, tudo isto a servir de paisagem enquanto tomávamos um mega pequeno-almoço. Era suposto fazer skydive mas fiquei fula quando percebi que era financeiramente inviável! A viagem que se seguia era até Queenstown, conhecida pelos seus desportos radicais. Em Queenstown encontrámos a cidade em alvoroço com o jazz festival, cheia de concertos nos jardins, feirinhas perto do porto e muita gente. Há que notar que este país tem tão pouca gente que demos por nós a andar de carro durante 2 horas sem vermos um único carro ou uma pessoa, o único ser vivo à vista eram as ovelhas. De Queenstown fomos até ao Milford Sound, onde chegaríamos apenas na manhã seguinte. Almoçámos tarde junto do Lago Te Anau e dormimos em Cascade Creek, num vale entre duas montanhas. Esta nossa paragem foi engraçada. A carrinha vem equipada com um forno portátil que da primeira vez até funcionou bem, mas da segunda começou praticamente em chamas no meio da floresta. Achámos sensato não mexer mais no aparelho. Então começámos a apanhar paus do chão, mais papéis de revista, mais papel higiénico e tentar pegar lume para aquecermos água para uma sopa de tomate instantânea. Visto que o tempo estava meio chuvoso e a madeira já estava meio molhada, foi uma aventura! Mas depois de uma horinha valente a correr entre o campo e a “fogueira” para evitar que se apagasse, a água aqueceu o suficiente (longe obviamente do ponto de fervura necessário segundo as instruções do pacote, mas realmente, que se danem as instruções!) e lá nos deliciámos com bolachas com queijo e uma sopa quente de tomate.
Acordámos de madrugada na manhã seguinte e pusemo-nos a caminho dos tão famosos fiordes. O caminho não prometia grande coisa: chuva, gelo, neve, vento e frio. Fomos num passeio de barco (54NZD) de 2 horas com mais 10 pessoas, onde nos ofereceram chá e café quente, estava realmente frio. O passeio passa-se num lago sem fim que acaba no Tasman Sea, onde estão as placas tectónicas que um dia ligavam a NZ à Austrália. No meio do mar vê-se um bico escuro que ao princípio parece um barco (eu não tive a menor dúvida que era um barco!) mas depois da explicação do capitão ficámos a saber que é o pico duma montanha que está tapada pela água. As margens do lago são ravinas inundadas de cascatas e vegetação de todos os tipos. O cenário é fantástico, montanhas semi -tapadas por um nevoeiro que dá um ar fantasmagórico. Tivémos ainda a sorte de estar bem perto de animais que são apenas possíveis de encontrar nos fiordes: golfinhos (raça dos fiordes), pinguins, pássaros e focas. Quando achávamos que não podia haver mais surpresas nesta viagem, que as coisas bonitas já estavam vistas, este passeio foi a cereja no topo do bolo!
O próximo spot: Mount Cook. Estávamos meia apertadas de tempo, e ainda tínhamos de passar pelo Lake Tekapo (ponto obrigatório!!!!!). Decidimos dormir entre o Mount Cook e o Lake Tekapo, mas demos por nós e não havia nenhum parque como o da noite anterior (à borlix portanto!). Duas coisas aconteceram neste dia: 1. primeiro fomos paradas pela polícia. O limite de velocidade era 100km/h e íamos a 112 km/h… Pois, isto cá não é como Portugal que se pode andar até 140km/h. Mas nestas alturas não há nada como ser mulher (aliás, duas mulheres…) e turista… E simpática já agora! Lá nos safámos com um “warning”. 2. Como não arranjávamos nenhum sítio para a pernoitar, decidimos seguir duas caravanas pela noite dentro. E que boa escolha! As caravanas levaram-nos até Lake Tekapo, onde chegámos por voltas das 23h. Entrámos no parque de campismo tarde e saímos cedo (7h da matina), evitando pagar a noite (e o banho mais uma vez ahaha… ossos do ofício!!). Tomámos o pequeno-almoço à beira dum dos lagos mais bonitos da NZ. Encontrámos um mini igreja toda de pedra amorosa mas estava fechada.
Tomado o pequeno-almoço: Mount Cook. Encontrámos um casal simpático que nos avisou para nos despacharmos… O tempo e o vento iam mudar, o frio ia voltar a atacar e a subida poderia ficar difícil. Quando lá chegámos fizemos um trecking chamado Key Point. O fim deste caminho leva a uma espécie de planície onde se pode ver o Mount Cook do lado direito e um glaciar do lado esquerdo. Ainda ouvimos algumas avalanches mas não conseguimos vê-las.
Do Mount Cook partimos para Christchurch, onde o Chico Caldeira Pires e a sua namorada Louise nos receberam tão bem! Depois de 10 dias a dormir numa carrinha, onde o banho era raro, voltar à civilização com direito a endredon, aquecimento, água quente e refeições caseiras soube bem. Melhor que isso tudo foi rever o meu querido amigo Chico, depois de 3 anos sem nos vermos. Que bom que foi!
Em Christchurch tivemos três dias: no primeiro fomos a Akaroa; no segundo a Kaikora; no terceiro visitámos a cidade. O tempo não foi o mais acolhedor mas nada que não se resolvesse.
Acordámos com o barulho da tempestade. A viagem para Akaroa demora cerca de 2 horas e ía ser comprida, numa estrada junta á costa, depois numa estrada de terra pela montanha com ovelhas pelo caminho. Passeámos e almoçámos em Akaroa, uma vilinha pescatória e simpática, com casas antigas de influência francesa. O tempo foi melhorando a caminho de casa, desta vez pela autoestrada. A Marta cozinhou para todos um jantar fantástico. Ainda tivemos a ouvir Xavier Rudd e o seu didjeridoo, acompanhado de histórias do antigamente, daquelas que queremos recordar para sempre.
No dia seguinte acordámos as 4h da manhã. Tínhamos de estar em Kaikora às 7h e a viagem até lá ainda demora. Mas se puderem façam mesmo isto a esta hora. O caminho foi quase todo feito debaixo dum céu absolutamente estrelado. Quando começou a amanhecer um nevoeiro rasteiro fez lembrar o Senhor dos Anéis. Senti-me realmente sortuda quando vi o nascer do sol no mar, que espectáculo! Kaikora vive destes programas turísticos: whale watching. Às 7h15 entrámos num autocarro que nos levou até ao porto, onde estava o nosso barco (140NZD). A manhã passa-se à procura duma baleia (sperm whale), muitas vezes difícil de encontrar. Mas ainda chegámos a ver duas. A primeira muito mal, a segunda muito bem! Apenas 1/3 da baleia fica de fora de água, o que é pena pois não dá para ter a noção do seu tamanho real. Depois ainda vimos dezenas de golfinhos (dusky dolphins) mesmo ao lado do nosso barco a darem um autêntico show acrobático. Tomámos o pequeno-almoço numa baía onde vimos algumas focas a brincarem nas ondas, a fazerem carreirinhas, e outras “esparralhadas” nas rochas, ao sol.
Voltámos para Christchurch cheias de coisas para contar. A meio do caminho a gasosa começou a apertar e não víamos nenhuma bomba. Confesso que me deu aquele nervosismo no estômago… Não me estava mesmo nada a apetecer empurrar aquela carrinha… mas vá lá, à última da hora lá apareceu. Era o último dia de aluguer da carrinha… fiquei com alguma nostalgia quando a entreguei, foi grande companheira de aventura e nunca nos deixou mal! O Chico foi-nos buscar à garagem da Wicked, fomos comprar umas jolas e lá se seguiu mais uma sessão de converseta e risada!
Último da na NZ… Passou tão rápido. O tempo estava meio chuvoso mas isso não nos impediu de visitarmos Christchurch. Fomos á Art Gallery, á CC Cathedral, ao Canterbury Museum, ao Jardim Botânico e ao Arts Centre. É uma cidade pequena, tem muitos jardins e não tem prédios altos, faz-se lindamente a pé. Existem uns passeios de gôndola mas realmente o tempo não permitiu. Existe também um autocarro grátis que dá a volta á cidade e pára nos pontos turísticos mais importantes.
Nem acreditei quando chegou o dia de nos despedirmos do Chico e da Louise. Passou tão rápido!
Às 6h da matina tínhamos avião para a Gold Coast. Acabaram-se os dias de frio. Eu e a marta íamos agora desforrar-nos com 4 dias de sol e praia num backpackers no meio da floresta e muito bom ambiente!

1 comentário:

  1. que ESPECTÁCULO DE VIAGEM!!! já fiquei com o bichinho... claro que certas aventuras dispensava... o que é que era esse Neozelandês?!?!?!! lol
    As fotografias estavam espectaculares também! ;)
    kiss!

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